segunda-feira, 21 de abril de 2008

Torcida do Bahia dançou o "créu"

Mais uma vez a torcida do Bahia fez a festa no Estádio Manoel Barradas, o Barradão. Os tricolores lotaram o espaço destinado a eles e comandaram, pela segunda vez consecutiva neste ano, as comemorações. Como não poderia ser diferente, o “créu” foi a dança escolhida para provocar e festejar a goleada do Bahia por 4 a 1 diante do Vitória. “Créu, créu, créu, créu....”, gritavam os tricolores a todo o instante. A música carioca ganhou uma companheira na provocação. Além da versão (impublicável) do forró “Vamos simbora, pro bar, beber, cair, levantar”, os tricolores inovaram e levaram para as arquibancadas o “Chupa que é de uva”, hit da banda Aviões do Forró que virou trilha sonora na tarde de ontem no Barradão. O que não faltou foi animação. Durante os noventa minutos a torcida cantou, vibrou, festejou. As coreografias na arquibancada abrilhantaram ainda mais a partida. Tanto tricolores quanto rubro-negros deram um claro exemplo de como torcer. Nada de violência, apenas festa no maior clássico do futebol do Norte e Nordeste brasileiro. Se os cantos foram muitos, a criatividade do torcedor superou os limites. Munidos de uma máscara de proteção facial, um grupo de torcedores do Bahia se dizia preocupado com a dengue. “Viemos para cá porque somos ousados. Vale tudo para ver o Bahia, até mesmo correr o risco de ficar com dengue, porque mosquito é o que não deve faltar aqui”, comentou o motorista José Santana, 36. Enquanto Santana criticava o Barradão, em referência ao antigo aterro sanitário da região, alguns torcedores do Vitória trataram de rebater. “Primeiro vão procurar um estádio para jogar e depois venham criticar o nosso. Aqui é propriedade particular”, diziam. A alegria rubro-negra que antecedeu ao jogo se transformou em choro ainda no intervalo. Com a derrota parcial de 3 a 1, a torcedora símbolo, Rosicleide, não resistiu e teve de ser amparada em seu retorno ao estádio. Pensando apenas em comemorar, os tricolores provocaram cada vez mais. Um grupo de torcedores do Bahia fez uma proposta um tanto quanto ousada para a diretoria do clube. “Acho que deveríamos era mudar o nosso mando de campo. Só quero jogar no Barradão agora. Por favor Petrônio (Barradas), coloca o jogo de domingo que vem aqui de novo”, disse o estudante Pedro Henrique, 22. Os torcedores do Vitória que resistiram até o final do jogo ainda ensaiaram alguns cânticos. “Se o time não joga de forma digna dentro de campo, nós temos que pelo menos honrar a camisa e tentar minimizar essa vergonha”, disse desolado o taxista Francisco Paixão, 34 anos. Mas foi em vão a tentativa. A vontade de mostrar o amor ao time não foi maior que o apito final. Tendo praticamente apenas a imprensa e os jogadores como testemunhas, a torcida do Bahia tratou de encerrar a festa com mais uma provocação. Depois de ensaiar uma volta olímpica, os tricolores sacramentaram: “O estádio é seu, mas quem manda aqui sou eu”.
Polícia garante a paz durante o clássico
O Ba-Vi aconteceu, mais uma vez, sem maiores problemas. Com cerca de 900 policiais e a ajuda de um helicóptero, a Polícia Militar conseguiu garantir a paz no clássico realizado na tarde de ontem no Barradão. Confusão apenas na chegada das duas maiores torcidas organizadas ao estádio, mas tudo controlado rapidamente pelos policiais que faziam a segurança do lado de fora do estádio Manoel Barradas. “Queria ver isso aqui acontecer em São Paulo, com torcedores de Corinthians, São Paulo ou Palmeiras. A torcida aqui é amiga, que há brigas há, mas de apenas alguns abestalhados aí”, disse o estudante de direito Vitor Cocifas, 19 anos, ao lado de seu irmão, também torcedor do Bahia, e do taxista Paulo Nobre, 36, torcedor do Vitória que passava pelo local e foi logo puxado pelo irmãos para responder à algumas brincadeiras. As brigas que o estudante se referiu aconteceram apenas na entrada do Barradão. Um advogado que preferiu não se identificar contou que foi agredido por alguns membros da torcida Os Imbatíveis. “Eu tava aqui quieto, perto do portão de entrada, quando eles vieram e me bateram, só porque eu estou com a camisa da Bamor”, contou E.G., com o supercílio e os lábios partidos. Na chegada da Bamor, que aconteceu quando os dois times já estavam em campo, mais confusão. Uma bomba caseira foi arremessada na direção da torcida, que revidou com outras três. Ninguém se feriu nem foi detido. “Isso sempre acontece aqui, o pessoal dos Imbatíveis fica esperando a gente chegar em cima do morro”, comentou o presidente da torcida, Jorge Santana, afirmando ter levado cerca de 20 ônibus ao estádio. De acordo com o coronel Menezes não houve maiores problemas. “Foi tudo tranqüilo mais uma vez. Não aconteceu nada de mais grave, pelo menos que tenha chegado ao nosso conhecimento”, disse depois de liberar o último ônibus da Bamor, quase às 21 horas. Segundo o coronel, as únicas ocorrências registradas durante o clássico foram pequenos desentendimentos envolvendo torcedores de Bahia e Vitória. "Aquelas coisas normais de jogo mesmo", lembrou. Preferindo o lado lúdico do clássico, os amigos Alessandro Pereira e Fernando Machado, torcedores de Bahia e Vitória, ficaram apenas nas provocações. “A rivalidade aqui é dentro de campo. O único problema vai ser para quem perder no caminho de volta para casa. Tem que agüentar porque o bicho pega”, brincou Pereira
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Tribuna da Bahia

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