terça-feira, 29 de abril de 2008

Empresas incorporam idéia do consumo responsável


Ana Crisitina Barreto
Assim como o corpo humano, 70% do Planeta Terra é formado por água. O que pode parecer inesgotável, torna-se infinitamente pequeno diante dos riscos que este recurso natural corre de se esgotar ou de ter a qualidade de suas reservas disponíveis deteriorada. Atentos à problemática dos recursos hídricos no mundo, pequenas, médias e grandes empresas têm se voltado para a questão do consumo responsável e buscam incluir nas suas rotinas algumas ações em prol do não-desperdício. Mais do que uma ação isolada no âmbito das instituições, quando levados a sério, os procedimentos acabam sendo estendidos aos familiares e amigos de quem os praticam. Esse tem sido um dos principais benefícios de quem abraça a causa e se torna modelo para outras organizações, como é o caso, por exemplo, da Universidade Salvador (Unifacs). Com 35 anos de atuação, a Unifacs lançou, em 2006, o Programa Interno para o Consumo Consciente (PICC), com o objetivo de mobilizar todos os setores da entidade para a adoção do consumo ambiental e socialmente responsável, sobretudo com relação à água.O PICC integra o Programa Engajamento Cidadão e tem como proposta maior o engajamento cidadão, já que as ações ultrapassam, aos poucos, a escala individual e alcançam a sociedade, conforme explica a coordenadora de Extensão Comunitária, Débora Nunes. “O programa nasceu na universidade, mas repercute dentro das famílias dos que compõem a comunidade acadêmica”, diz a professora Débora. O site do programa (www.unifacs.br/engajamentocidadao) vem sendo fonte de pesquisa para alunos e qualquer cidadão interessado em aprofundar estudos a cerca do tema. A metodologia do programa vem sendo apresentada a outras instituições de ensino como modelo e o PICC foi uma das bandeiras do Fórum de Extensão das Instituições de Ensino Superior Particular, em setembro. “Também fomos vencedores do Top Social, maior premiação do Norte e Nordeste para entidades que desenvolvem projetos de caráter social”, comemora Débora. “Com a economia gerada, foi criado o Fundo de Consumo Consciente cujos recursos são revertidos em prol do próprio programa, com o investimento em outras ações”, diz a professora Débora, comemorando os resultados. Mudança de comportamento
Entusiasta da idéia da preservação ambiental, Débora Nunes, que também é professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e doutora em Urbanismo pela Universidade Paris XII, diz que sempre há alguma resistência quando se quer implementar novos procedimentos, sobretudo os que se traduzem em uma mudança de comportamento, mas, pouco depois de um ano de criado, o programa tem tido uma adesão cada vez maior. “Já percebemos um entusiasmo muito grande e uma efetiva preocupação com a preservação ambiental”, atesta Débora.Os funcionários da Unifacs, segundo a avaliação da professora, atenderam de forma muito positiva ao convite e são peças fundamentais para o sucesso do programa, até pelo fato de estarem mais presentes na instituição, podendo cuidar melhor do seu dia-a-dia. A sensibilização se dá através de palestras, exibição de filmes e elaboração de cartilhas. Foi disseminada também a idéia do uso racional de papel, energia, cartucho de impressora e todos os materiais utilizados na universidade.
Diante das inúmeras campanhas de conscientização da sociedade em geral, anúncios de grandes empresas, da realização de programas voltados à preservação ambiental capitaneados por organizações não-governamentais e do destaque diário nos noticiários de jornais de todo o mundo, a preocupação com a preservação ambiental vem atingindo também as micros e pequenas empresas.Em todos os segmentos já é possível observar, ainda que discreta, a mudança de comportamento por parte de patrões e empregados dispostos a colaborar com o planeta, sobretudo quando o assunto em foco são os recursos hídricos disponíveis para o consumo humano e animal. Um exemplo disso é o microempresário Sinval José Rodrigues Júnior, 29 anos, que acabou de inaugurar um salão de beleza na Vasco da Gama e já adotou, como regra, o consumo consciente. “De um modo geral, utiliza-se muita água em salões de beleza, mas é preciso estar atento ao fato de que este recurso corre o risco de se esgotar, caso não haja uma preocupação constante da nossa parte”, diz Sinval.Entre os cinco primeiros funcionários que gerencia, Sinval já deixou clara a idéia de que economizar água não só faz bem ao bolso na hora de pagar a conta da concessionária. “Isso vale para que cada um possa estimular o consumo racionalizado dentro da suas casas e de todos os ambientes que freqüenta, garantindo assim uma vida com qualidade para a nossa e as futuras gerações”, garante, lembrando que a idéia é revelada a todos os clientes, com o objetivo de se obter o engajamento de todos. Sinval José lembra a fábula do beija-flor que tentava apagar um incêndio levando um pouco de água em seu próprio bico. “Precisamos, mais do que nunca, fazer a nossa parte e ajudar às pessoas a fazerem o mesmo. Isso faz uma grande diferença e todos saem ganhando”, ensina ele.
Ferbasa incentiva uso eficiente da água
Yuri Almeida
Desenvolvimento sustentável é uma palavra-chave para a Cia de Ferro Ligas da Bahia – Ferbasa. A preocupação com o meio ambiente é parte integrante da política de gestão da empresa - que atua no segmento de produção de aço, ferro e outros tipos de ligas, em formas primárias e semi-acabadas. E nesse contexto, o cuidado com a água é encarado como uma verdadeira missão. A Ferbasa foi fundada em 23 de fevereiro de 1961 pelo engenheiro José Carvalho, no município baiano de Campo Formoso. Dois anos após a fundação, o parque industrial metalúrgico da empresa passou a operar na cidade de Pojuca, situada no Litoral Norte. Atualmente, a Ferbasa está entre as 500 maiores empresas do Brasil e as 20 maiores do Estado da Bahia. Seus produtos são utilizados pelas indústrias automotivas e de bens de consumo. O ferro silício alta pureza, por exemplo, é fundamental para o desenvolvimento dos automóveis híbridos, que reduzem em 60% o consumo de combustível e, conseqüentemente, as taxas de poluição atmosférica oriunda da frota automotiva. Na atividade metalúrgica, é necessário um monitoramento constante para evitar danos ao meio ambiente, principalmente à água; uma vez que a falta de controle nos processos produtivos pode ocasionar contaminação dos corpos hídricos e um alto índice de efluentes. “Até mesmo a água pluvial em contato com o solo carregado de componentes industriais pode contaminar os recursos hídricos, por isso é preciso estar atento para os mínimos detalhes relacionados à conservação do meio ambiente”, explica o chefe da divisão ambiental da Ferbasa, Ronaldo Mol.Ciente destes desafios, a empresa estabeleceu uma Política de Saúde, Segurança e Meio Ambiente – SSMA, que estabelece como princípios básicos aplicar as tecnologias viáveis objetivando reduzir as emissões atmosféricas, os efluentes líquidos e a geração de resíduos, bem como promover o uso adequado dos recursos naturais. Conscientizar o público interno e a comunidade externa também é objetivo da Política de SSMA. Por meio de campanhas de educação ambiental, são transmitidas orientações para a preservação dos ecossistemas ambientais, dicas de reciclagem, economia de energia e a reutilização da água, além de diversas informações que contribuam para a formação da consciência ambiental dos funcionários, terceirizados e da comunidade local.Investimentos – Gerenciar as atividades industriais, tendo em vista à gestão hídrica dos processos produtivos; criar alternativas voltadas para redução do consumo da água e potencializar, qualitativamente e quantitativamente, o volume de reuso da água industrial, minimizando o índice de efluentes descartados. Todas estas são tarefas grandiosas e que exigem altos investimentos.O faturamento anual da Ferbasa gira em torno de US$ 200 milhões de dólares. Só o investimento destinado ao tratamento da água industrial no biênio 2007/2008 atingiu R$ 4 milhões. O montante foi destinado à construção de bacias e tanques para decantação das partículas sólidas e criação de tanques para o tratamento das águas da chuva, com o objetivo de prevenir a contaminação dos recursos hídricos em épocas chuvosas, de modo a evitar o assoreamento dos leitos. No que tange à redução dos efluentes líquidos industriais, foram implantados um sistema de tratamento físico-químico e um sistema natural de tratamento de efluentes sanitários, sem consumo de energia ou produtos químicos. De acordo com dados da divisão ambiental da Ferbasa, a política de gestão do meio ambiente da empresa contempla ainda o monitoramento da qualidade da água dos rios que cortam os projetos de reflorestamento da Fábrica, com gerenciamento dos aspectos e impactos ambientais associados.

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