segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sobe para 29 número de casos de dengue hemorrágica
Ciro Brigham


Cinco novas vítimas da doença, quatro delas provenientes do interior baiano, estão no Hospital Couto Maia

Hospital Couto Maia recebeu outros cinco pacientes com dengue hemorrágica entre sábado e ontem. As mais novas vítimas da doença têm idades inferiores a 15 anos e quatro delas são do interior baiano. O caso mais complicado é o da bebê Alice Souza, de apenas 11 meses, que é do município de Tucano, a 257km de Salvador. Com as novas ocorrências, sobe para 29 o número de vítimas da forma mais séria da doença no estado, este ano, ultrapassando a metade do total de vítimas registrado em todo o ano de 2007, que foi de 54.
Até 25 de abril, foram contabilizados 18.475 casos de dengue na Bahia, contra 14.174 em todo o ano passado. A alta deste ano, segundo a Secretaria da Saúde do estado (Sesab), se deve especialmente aos surtos nas regiões de Irecê e Juazeiro. Na capital, são 787 casos até agora. O total do ano passado chegou a 2.082. O maior pico da dengue até hoje foi registrado em 2002, quando o estado contabilizou 87.237 casos, 22.886 deles em Salvador.
Apesar de não haver consenso nem entre os profissionais de saúde quanto aos conceitos de surto e epidemia, a Sesab trabalha com aquilo que denomina de mais aceitável. A epidemia é o curso prolongado de uma doença durante vários anos, em diversas partes do país. Ou seja, o Brasil vive uma epidemia de dengue desde o final da década de 80, quando surgiram os primeiros focos no Pará, Ceará e Rio de Janeiro. Já o surto, no curso de uma epidemia, é a elevação brusca no número de casos observados para um determinado período. Levando-se em conta que a época atual é de elevação natural do número de registros, Salvador não vive surto nem risco de surto.
Recuperação - O menino Yan Moreira, 8 anos, internado desde o último dia 20 na UTI do Hospital Ernesto Simões, recebeu alta ontem. Gabriel Medeiros, 6 anos, permanece na UTI do Hospital Aliança e reage bem ao tratamento. O holandês Yukio Agercop, 35 anos, internado desde sexta-feira, dia 25, na UTI do Hospital Geral do Estado (HGE), também apresentou melhora significativa do quadro clínico. Segundo informações da assessoria de comunicação da Sesab, Agercop está lúcido e seu número de plaquetas, que chegou a estar em 16 mil, já subiu para 38 mil.
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NOVOS PACIENTES
Ana Carolina Souza Santos, 6 anos - Vila de Abrantes, Camaçari, na região metropolitana de SalvadorRebeca Ferreira Aguiar, 6 anos - Itapetinga, a 620km de SalvadorMaila Rocha dos Santos, 13 anos – Tucano, a 257km de Salvador Alice Souza, 11 meses - Tucano, a 257km de SalvadorEliezer Rodrigo da Silva Santos, 15 anos, morador de Periperi, em Salvador
REGISTROS
2008 (até 25/04) 2007 2002*Bahia 18.475 14.174 87.237Salvador 787 2.082 22.886Fonte: Sesab - *Último surto de dengue no estado
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Superlotação nas unidades de saúde
No Centro de Saúde Dr. Edison Teixeira Barbosa, em Pernambués, a manhã de ontem foi de superlotação. Na recepção apinhada, muitas crianças e adultos. “Hoje faz oito dias que estou com febre e dor de cabeça sem parar. Já estive aqui antes, não recolheram meu sangue, só me receitaram paracetamol e disseram para eu beber muito líquido. Só que os sintomas continuaram”, comenta Antonio Alves Filho, 47, morador de Engomadeira.
A preocupação de ter a suspeita de dengue confirmada é visível. “Desde sexta-feira ele está com febre. Hoje acordou bem molinho, a gente trouxe porque não sabe o que pode ser”, diz Maria Juliana dos Santos, avó do pequenino Ronald, de um 1 e um mês, que cochilava indisposto com a bochecha encostada ao ombro da mãe.
Segundo uma funcionária do posto, 99% das pessoas que procuravam atendimento se queixavam de sintomas clássicos que podem estar associados à dengue ou a uma virose comum. O método adotado na unidade, gerida pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), é o de classificação de risco: o paciente que apresenta três sintomas da dengue tem o hemograma solicitado e passa pelo atendimento-padrão (incluindo hidratação) até ser estabilizado e, a depender do resultado, liberado.
O atendimento não chegou a ser suspenso pelas duas pediatras de plantão, mas a situação é considerada caótica pela coordenação do posto. “Associado ao medo que as pessoas têm devido à superexposição do assunto pela mídia, o que tem aumentado a procura é uma série de fatores que inclui o acréscimo dos casos de virose nesta época, a falta de atendimento em muitas unidades do município, o aumento da gravidade nos casos de dengue e as dificuldades com a central de regulação”, argumenta o administrador do centro, Sérgio Lopes.
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