segunda-feira, 28 de abril de 2008

Posto suspende atendimento a crianças
Tribun da Bahia

A superlotação foi a causa da suspensão do atendimento pediátrico do Centro de Saúde de São Marcos, ontem pela manhã. Muitos pais que procuraram o posto levando crianças a arder em febre e com dores no corpo tiveram que dar meia volta, sem chance de argumentar. Outra unidade, a de Pernambués, também transbordou de gente em busca de uma confirmação: dengue ou virose? A maioria estava ali por conta de sintomas que são coincidentes com os da doença transmitida pelo Aedes aegypti.
Com febre e dor de cabeça desde sexta-feira, Joab, 8 anos, não conseguiu saber do que sofria no Centro de Saúde de São Marcos, gerido pelo Monte Tabor/ Hospital São Rafael. Acompanhado do pai, chegou pouco antes das 10h ao pronto atendimento. Receberam uma espécie de “sinto muito”. “Me disseram que a pediatra não está atendendo. Como é que pode? Ainda por cima, é criança. Com essa dengue aí... isso é um absurdo”, bradou o pai do menino, Florentino Castro Filho.
Com febre há três dias e as pernas doendo, a pequena Stefani, 3 anos, também não passou da porta de entrada. “Aqui nunca faltou pediatra, não estou entendendo”, preocupava-se a mãe, Ivanete Lopes. Em um táxi, outra criança febril chegava do bairro de Pau da Lima, onde a unidade de saúde não oferecia atendimento pediátrico de plantão. Nem desceu do carro. A todo o momento, pais com filhos ao colo ou trazidos pelas mãos, recebiam a notícia com decepção: “Pediatria superlotada, atendimento suspenso”.
“Temos duas pediatras na consulta e uma na observação, mas não há espaço. São seis leitos de observação, quatro macas no corredor e mais quatro cadeiras para mães com filho ao colo. A demanda é tão grande que fomos obrigados a suspender o ambulatorial para ficar só com a emergência”, justifica o coordenador da unidade, Roberto dos Anjos. Ele argumenta que a dificuldade, diante de pais assustados que correm ao posto com os filhos, é potencializada pela ineficiência do setor de regulação do SUS. “Se eu tivesse condições, transferia pacientes para outras unidades hospitalares. Aí, teríamos o fluxo normal de atendimento, mas a regulação praticamente não funciona aos fins de semana”, critica.
No Centro de São Marcos, os profissionais estão orientados a tratar qualquer tipo de virose como se fosse dengue, exatamente como solicitou o secretário municipal da Saúde, José Carlos Brito. O missionário religioso Zedequias Ferreira, de Sergipe, é um dos que foram internados com suspeita de dengue, no sábado. Fez hemograma e teve constatada a baixa na contagem de plaquetas. Caso a tendência permaneça, Ferreira pode ser encaminhado para o Hospital Couto Maia. Por ser a referência estadual em infectologia, a unidade não necessita da regulação e está tendo leitos disponibilizados para casos mais graves de dengue.

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