domingo, 20 de abril de 2008

Brasil/Alta tecnologia ajudou a desvendar morte de menina
Todos os equipamentos modernos disponíveis pela polícia paulista foram usados na investigação
Correio da Bahia

SÃO PAULO - Nunca se viu tanta tecnologia reunida na apuração de um crime. Todos os conhecimentos e equipamentos disponíveis em São Paulo na Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) estão sendo utilizados para se chegar ao assassino que esganou e jogou Isabella Oliveira Nardoni, de 5 anos, do sexto andar do apartamento de seu pai, Alexandre Nardoni. Os peritos vasculharam tudo no Residencial London, do apartamento 62, de onde a menina foi atirada, até corredores, elevadores e gramado do jardim onde o corpo foi jogado, e até os arredores do edifício.
Equipes de peritos estiveram no apartamento pelo menos oito vezes para que todas as dúvidas fossem esclarecidas. O reagente químico “luminol”, que emite uma luz fosforescente indicando a presença de sangue mesmo que lavado, ajudou a polícia a descobrir pistas importantes. Uma delas, de que o rosto da menina sujo de sangue foi limpo com uma fralda e uma toalha que já tinham sido lavadas. Até a construção nos fundos do edifício, da qual teria entrado uma suposta terceira pessoa, foi vasculhada. Os menores vestígios foram recolhidos para montar o quebra-cabeça.
Outro equipamento de ponta da SPTC utilizado pelos peritos foi o “crimescope”, também conhecido como “luz forense”, que identifica materiais orgânicos, como sangue, pêlos e sêmen. O micrótomo e o inclusor, equipamentos de ponta da Polícia Técnico-Científica, também colaboraram decisivamente para a elaboração dos laudos. Esses aparelhos permitem a análise microscópica de tecidos. Permitiram saber que a garota foi esganada e morreu em conseqüência de politraumatismo e asfixia provocados pela queda. Uma mostra de que há uma valorização para a resolução de crimes por meio da ciência é a participação da SPTC no orçamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado. Há dez anos o R$1,48 milhão que a Superintendência recebia representava 0,05% do total. Hoje são R$191,5 milhões, ou 2,25% do orçamento, o que parece não ser muito, mas significa um aumento de 12.841%.
Os avanços técnicos com a aquisição de aparelhagem de ponta e a contratação de mais peritos – anteontem foram encerradas as inscrições para o concurso que vai contratar mais 68 peritos criminais – que se juntarão ao quadro de cerca de 1.100 que trabalham em campo, em laboratórios e na administração, ainda não são suficientes para que mais crimes tenham solução.
Não há dados oficiais, mas estima-se que apenas entre 5% e 8% dos homicídios cometidos no país tenham o autor revelado. De acordo com o Mapa da Violência dos Municípios, em 2006 foram cometidos 46.660 homicídios no Brasil. Além de insuficiente para toda a demanda no estado, onde aconteceram em média 28 homicídios por semana em 2007, o aparato técnico-científico também pouco ajuda quando há falhas de procedimento. É comum os peritos encontrarem o local do crime totalmente adulterado. A média nacional de 5% dos homicídios solucionados é baixíssima. (AG)

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