Adolescentes agressores
Lilian Machado
O assassinato do adolescente Juan Sérgio da Silva, 16 anos, cometido por outro garoto de 13 anos, na última segunda-feira em Salvador chama a atenção para os constantes casos de agressividade e homicídios na adolescência. Os crimes cometidos por menores estão cada vez mais violentos e freqüentes. Conforme dados da Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), somente nos três primeiros meses deste ano foram contabilizados 7 homicídios envolvendo adolescentes. De janeiro a dezembro do ano passado foram 18. A facilidade para comprar uma arma e a legislação branda, já que um menor fica no máximo três anos apreendido, são fatores que agravam a criminalidade juvenil. Além desse motivo, especialistas apontam a omissão e o desleixo dos pais que não ficam atentos ao comportamento e a rotina dos filhos, como uma das razões para o crescente número de adolescentes envolvidos com atos de violência e elementos de apologia ao crime, como algumas comunidades de sites de relacionamento, a exemplo do orkut. Inspirados pelo desejo de auto-afirmação e de desprendimento – onde impera a vontade de sair da proteção dos pais e ou responsáveis e sentir livres, aliado às dificuldades sócio- econômicos vividas nas comunidades carentes, jovens estão servindo de isca para o mundo do crime. Na guerra pelo comando do tráfico de drogas, crianças e adolescentes com esse perfil estão sendo cada vez mais utilizados pelos adultos. A falta de atenção dos pais, em não saber o que os filhos fazem no computador, e a ausência de acompanhamento à vida escolar, para o coordenador do Centro de Atendimento a Criança e ao Adolescente (Cedeca), Valdemar Oliveira, refletem nessa falta de controle do comportamento adolescente. “Não é que o pai censure ou restrinja totalmente, mas que observe qual o site o seu filho adolescente anda acessando. Muitos estão participando de comunidades que exaltam a violência e isso precisa ser limitado”, enfatiza. Apesar do destaque existente na mídia para o constante número de jovens entre 10 e 18 anos envolvidos com o crime, o coordenador do Cedeca contesta um possível aumento. “Não é um fato comum aqui em Salvador”, garante indicando uma pesquisa onde a participação de adolescentes em homicídios não chega a 3%. Oliveira avalia o último assassinato cometido em Salvador pelo adolescente de 13 anos e apela: “Peço para que a mãe desse garoto apresente-o na Delegacia. Até entendo que no primeiro momento após o acontecimento, ela o tenha protegido, mas ele precisa sofrer as punições necessárias para que tenha a oportunidade de ser ressocializado”.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
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