Menino mergulha do 8º andar para a morte
Maria Celia Vieira
Você está vivo, meu filho? Fala comigo! Você está vivo meu filho...”, dizia, desesperada e em lágrimas, Renésia Maria dos Santos Figueiredo, sacudindo o corpo do seu filho único, Lucas Marcelo Figueiredo de Santana, de 14 anos. O menino havia caído do apartamento 803 do Edifício Anabella, na Rua Carlos Gomes, centro de Salvador. Suicídio ou crime? Era a pergunta que centenas de curiosos se faziam, querendo fazer referência ao caso da menina Isabella, em São Paulo, supostamente morta pelo pai e pela madrasta. Mas para a delegada Acácia de Oliveira Nunes, da 1ª DP, os indícios são de suicídio. Colegas e amigos do garoto disseram que ele estava apreensivo porque teve notas baixas e estava com medo de mostrar à mãe. Mas os motivos estariam numa carta, deixada pelo menino, que a polícia encontrou em seu quarto, junto ao boletim escolar. O Edifício Anabella faz par com outro prédio, o Edifício Vistabella , onde, há dois anos, um homem pulou para a morte, do 12º andar. 15:30 horas. Algumas pessoas almoçavam no bar do chinês, quando de repente um corpo desaba sobre o toldo amarelo, quebra-o, e cai ao chão calçado com pedra portuguesa. O sangue se espalha ao redor do corpo, enquanto as pessoas se desesperam, sem saber o que fazer. A mãe do garoto agarra-se ao corpo. Grita, desesperada. Depois sai em disparada, corre para a Rua Carlos Gomes. Tenta atirar-se na frente dos carros que passam. Uma guarnição da PM chega ao local, afasta os curiosos e isola o local. Chega uma equipe do Samu. Não há mais nada a fazer. Lucas está morto. De acordo com informações levantadas no local, na hora em que aconteceu o fato Lucas estava sozinho em casa. A mãe estava no 10º andar, no apartamento da avó do menino. Uma das últimas pessoas a ver Lucas com vida foi o vizinho Edson Antonio Dantas, que subiu o elevador com ele. “Era um menino alegre, estava sempre de bom humor. Perguntei se ele ia para Feira de Santana, brincando, enquanto apertava o botão do 8º andar. Ele riu e agradeceu. Amigos e vizinhos foram unânimes em afirmar que a relação entre Lucas e sua mãe, com quem vivia no apartamento 803, era de amor e carinho. O educador Fábio Sola, amigo da família, estava perplexo com a morte do garoto. “Passei o fim de semana com eles em Guarajuba. Estavam todos felizes, sem qualquer problema. Não entendo o que aconteceu”, disse”. Um tio do menino, o padre Renato, estava inconsolável e nada quis dizer. Em volta do corpo, uma multidão de curiosos fazia especulações. Para Luis Santana, que mora no prédio há oito anos, Lucas era uma criança maravilhosa, de comportamento tranqüilo e que gostava muito de estudar. Mas se era assim, por que as notas baixas? A resposta pode estar na informação de Vitor Gabriele, amigo de Lucas, que havia jogado game com ele horas antes da tragédia. “Ela gostava muito de jogar games, e estava sempre na lan house localizada há poucos metros do prédio onde morava. Ficava muito tempo lá”, afirmou. Para o aposentado Dermival Santos Miranda, o menino era uma pessoa de boa índole e muito tranqüilo. “Ele brincava muito com minha neta, Michele, de 12 anos".
Evidências apontam para suicídio
; A falta de vestígios de violência no quarto e no corpo de Lucas Marcelo, as marcas do posicionamento das mãos no parapeito da janela de um dos quartos do apartamento do Edifício Anabella e a pouca projeção do corpo levam a delegada plantonista da 1ª Delegacia de Polícia (Complexo dos Barris), Acácia de Oliveira Nunes, a investigar um possível suicídio. A hipótese de homicídio, porém não está descartada. Desde o início da noite de ontem, familiares e vizinhos estavam sendo convocados para prestar depoimentos. A mãe de Lucas seria poupada, mas deverá depor nos próximos dias . “Não podemos descartar nada”, diz Acácia Nunes, informando que a mãe do garoto estava sendo encaminhada para hospitalização. Em estado de choque com a tragédia não poderia ser ouvida. A leitura sobre o que pensou e como agiu Lucas Marcelo nas suas últimas horas de vida começam a ser feitas a partir de hoje com a Polícia Técnica. A perícia iniciou os trabalhos logo nas primeiras horas após o acidente com o perito criminalístico Wilson Brito. Foram coletados, no quarto de Lucas, o celular, papéis, o computador pessoal e todo material que pudesse facilitar o trabalho. Uma máquina da lan house muito freqüentada pelo garoto e localizada defronte ao prédio onde ele morava deverá ser apreendida hoje. “Ele estava por lá, disse que iria dar uma chegadinha em casa e não mais voltou. Isso vai ser considerado já que sempre usava a mesma máquina ,e, mostrará qual foi seus últimos contatos, o que lia, que site visitava, etc”, explicou o policial O comentário geral dos vizinhos e trabalhadores daquela travessa da Rua Carlos Gomes onde Lucas morava, era de que o adolescente tinha discutido com a mãe por causa de notas baixas. Informações não confirmadas diziam que ela teria deixado o jovem de castigo no quarto e saído para a casa de um dos irmãos e da mãe, no 10º, onde momentos depois recebeu a notícia da tragédia. A delegada plantonista assegurou que “tudo não passa de comentários”. Uma vendedora de balas da área explicou que o jovem era muito ativo, sempre sorridente e não apresentava nenhum problema. Mas, outras pessoas, informavam que estava em depressão porque vinha tendo um péssimo rendimento escolar. “ Chocado com o acontecido um tio do menino ficou o tempo todo acompanhando a remoção do corpo, em silêncio. Delicadamente informou a imprensa que não falaria nada. Estava preocupado com o pai de Lucas, que é hipertenso, e estava por chegar, conforme uma amiga da família comentou. (Por Maria Celia Vieira)
quarta-feira, 23 de abril de 2008
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