sexta-feira, 2 de maio de 2008

Amigos prestam última homenagem a arquiteto

Ana Cristina Pereira
Familiares e amigos se despediram ontem do fotógrafo e arquiteto baiano Sílvio Robatto, 72 anos. Ele morreu anteontem e estava internado no Hospital Jorge Valente, onde se submeteu a uma cirurgia no aparelho digestivo, em março passado. A cerimônia de cremação aconteceu às 17h, no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas.
Filho do pioneiro do cinema e da fotografia baiana Alexandre Robatto Filho (1908-1981), Sílvio se dividiu a vida toda entre a fotografia e a arquitetura. Do pai, ganhou a primeira máquina, em uma época em que o equipamento era raridade e os fotógrafos tinham seus próprios laboratórios em casa. Em entrevista ao Correio da Bahia, no ano passado, Sílvio disse que a fotografia lhe proporcionou coisas muitas boas, como a primeira viagem ao exterior, em 1957, e conhecer sua mulher, a coreógrafa e pesquisadora Lia Robatto. Com ela, teve dois filhos, os músicos Pedro e Lucas Robatto.
A arquitetura entrou em sua vida a partir de 1960, quando se formou na Escola de Arquitetura da Ufba. Exerceu a profissão elaborando vários projetos na capital – inclusive a bela casa em que morava com a família – e no interior. É dele a autoria dos Centros de Cultura de sete cidades baianas, realizados durante a administração de Olívia Barradas na Fundação Cultural do Estado, entre 1983 e 1987. Sílvio também exerceu a carreira acadêmica na própria Ufba, como professor das faculdades de Belas Artes e Arquitetura. Aposentado, atuou ainda na esfera pública, como arquiteto da prefeitura e diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Paralelamente à atividade de arquiteto, Sílvio participou de exposições coletivas e individuais como Arquitetura brasileira ontem, hoje e amanhã (Alemanha), O barroco (Museu de Arte Sacra, em Salvador) e Um oceano que nos une (Museu de Arte Moderna da Bahia e Fundação Cultural de Brasília). Entre seus trabalhos mais recentes estão a colaboração em vários projetos desenvolvidos por Emanoel Araújo no Museu Afro Brasil como as exposições Brasileiros, brasileiras e Carybé.
Na fotografia, uma das paixões de Sílvio era o registro das tradições artísticas e populares da Bahia. Sua última exposição, no ano passado, por exemplo, foi uma retrospectiva sobre os festejos do 2 de Julho, em registros feitos a partir dos anos de 1970. Tanto nesta exposição como na anterior, Barroco rebolado (Pinacoteca de São Paulo, 2002), ele utilizou imagens de seu acervo, digitalizadas e retrabalhadas. “Ainda estamos numa fase de transição, mas acredito que a fotografia digitalizada definiu uma nova estética. Sou um artista contemporâneo num processo contemporâneo”, afirmou.
Algumas de suas belas fotos ilustram os livros Dança em processo – A linguagem do indizível e Passos da dança – ambos de Lia Robatto – e Forma e cor – A arquitetura de Fernando Peixoto.

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