sábado, 10 de maio de 2008

Candidatos do PT vão no rastro de Lula

A presença do presidente Lula na Bahia, com seu transbordante bornal eleitoral, transtornou a vida dos pré-candidatos do PT à prefeitura de Salvador, cuja localização ficou difícil para quem não acompanhou as peripécias presidenciais. A Tribuna tentou conversar com todos eles, tendo em conta a fervilhante política municipal, e embora somente os deputados J. Carlos e Nelson Pelegrino tenham atendido as ligações, os fatos falam por si. As três rodadas de negociação feitas até agora não deram em nada, o mesmo se prevendo para a reunião que haverá hoje, em data e local a serem definidos. Se o governador Wagner participar, o papo será na Governadoria, ou em Ondina, porque hoje é sábado. Sua ausência na última reunião foi atribuída ao envolvimento com a agenda e a própria visita de Lula. A presidente da Executiva Municipal do partido, vereadora Vânia Galvão, disse que Wagner não vai. Entretanto, mesmo que vá, pouco se espera desse novo entendimento. O governador jamais baterá na mesa, pois se nem Lula tem condições de meter o bedelho, como ele, igualmente líder e igualmente poderoso, mas em menor escala, vai entrar nesse embrulho? As prévias vêm aí, tudo indica, apesar de a vereadora Vânia crer no bom resultado do “esforço” que está sendo feito para a candidatura única. Nelson Pelegrino, montado nas bases e nas votações em Salvador - teve dezenas de milhares de votos à frente de Walter Pinheiro em três eleições de deputado - considera-se na “pole-position”, porém admite que as negociações possam levar a uma candidatura que não seja a sua, tudo vai depender do poder de convencimento dos demais. Ele foi o grande entrave a que a sucessão municipal tivesse outro tratamento no arraial petista, em outras palavras, derivar para um “acordão” que resultasse em apoio à reeleição do peemedebista João Henrique, possivelmente com a indicação do vice. Uma certeza Pelegrino pode ter: não adianta ir atrás de Lula porque certamente não terá endosso público e exclusivo à sua candidatura. Em 2004, em nome da “governabilidade” representada por uns votinhos no Senado, o presidente recebeu em palácio o falecido senador Antonio Carlos Magalhães e seu candidato a prefeito, César Borges. Pelegrino não foi ao segundo turno por três mil votos. Hoje, escoltado pelo ministro Geddel e dependente do PMDB, Lula só desejaria renúncia ao velho companheiro. Mas Pelegrino lembra que esteve com Lula “nos bons e nos maus momentos”, foi seu líder na Câmara “no difícil primeiro ano” e já conversou com ele sobre o problema de 2004. Realçando sua “sólida amizade de mais de 20 anos com o presidente”, o pré-candidato petista diz compreender as posições que Lula é obrigado a assumir por questões nacionais. E assegura: “Mesmo havendo outros candidatos da base, ele é do PT e eu é que poderei usar sua imagem”. Considerações subjetivas à parte, as negociações comandadas pelo secretário Rui Costa - e em parte pelo próprio Wagner - não deram certo pela simples constatação de que os argumentos apresentados não convenceram. O “candidato com o perfil do eleitor” nem se comenta. É tão estranho quanto jabuti em cima da árvore, porque o dito bicho não sobe em árvore. Mas a proposta de retirada das quatro pré-candidaturas, tenha paciência! O Regimento do PT, segundo um dirigente ligado a Pelegrino, ao tratar da indicação de candidaturas majoritárias, fixa a obrigatoriedade de prévias quando há mais de um pretendente. Não fala, como disse, de “consultas externas”. Se retiradas oficialmente as postulações, seria criada uma nova situação jurídica, já que o prazo de inscrição está vencido A decisão sobre um nome passaria ao Diretório Municipal, e aí, a depender da correlação de forças, sabe Deus o que poderia acontecer. O jogo da política é duro, às vezes até mais entre correligionários que entre adversários. As prévias vêm aí, repita-se. O secretário Luiz Alberto tem dito nos bastidores que é “candidatíssimo”. O deputado J. Carlos defende as discussões, como a que ocorrerá hoje, e acha que “não necessariamente” as prévias devem ser realizadas, porque “deixam fissuras”. Por enquanto, completa, “o processo é um conquistar o apoio dos outros”, isto é, ele ser o indicado para que não haja disputa. Quanto a Pinheiro, é um enigma, já que não entrou nessa história à toa, mas não quererá competir sem amplas possibilidades de vitória. (Por Luis

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