sábado, 10 de maio de 2008

Dossiê deixa Dilma mais uma vez na mira da oposição

Parlamentares do DEM e do PSDB querem que a ministra da Casa Civil volte a depor e ressuscitam CPI

BRASÍLIA - Dois dias depois de negar no Senado a existência de um dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou ontem à mira da oposição. A confirmação de que o vazamento dos dados teve a participação do secretário de controle interno do órgão, José Aparecido Nunes Pires, petista histórico e ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, ressuscitou a CPI do Cartão Corporativo e levou parlamentares do PSDB e do DEM a voltarem suas baterias contra a ministra. Para eles, a ligação de Aparecido com o ex-ministro José Dirceu não anula a responsabilidade de Dilma na fabricação do documento e querem convocá-la novamente para falar ao Senado, apenas sobre o dossiê.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acusou a ministra de ter mentido na Comissão de Infra-Estrutura e anunciou que pedirá sua convocação para depor novamente na Comissão de Constituição e Justiça. Dessa vez, sem espaço para falar nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A ministra faltou com a verdade. Disse que não havia dossiê, e o dossiê está aí. O dossiê foi composto na Casa Civil e de lá vazou”, afirmou o tucano, que voltou a acusar a secretária executiva do órgão, Erenice Guerra, de comandar a montagem do material.
Na mesma linha, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que a hipótese de fogo amigo no PT não pode ser usada para isentar Dilma. “Não se pode jogar tudo nas costas do ex-ministro José Dirceu. É uma maneira de desviar o foco”, protestou. Diante da polêmica, a presidente da CPI do Cartão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), decidiu convocar uma sessão extraordinária na próxima terça-feira para tentar aprovar a convocação de Aparecido. Ele é alvo de dois requerimentos desde o início da CPI, mas os pedidos nem chegaram a ser votados.
A maioria governista já admite apoiar o requerimento para convocar Aparecido – e o governo espera que ele peça demissão do cargo que ocupa na Casa Civil –, mas quer chamar também o economista André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). De acordo com a sindicância da Casa Civil, ele recebeu os dados de Aparecido por e-mail. O objetivo da base é levá-lo à CPI para desgastar o tucano. Ontem, o relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), chegou a dizer que Dias teria montado o dossiê a partir de dados brutos recebidos da Casa Civil.
Na tarde de ontem, o senador João Pedro (PT-AM) protocolou um pedido para convocar André e disse considerar “correta” a versão de que o senador tucano teria montado o dossiê. No entanto, não soube explicar por que Aparecido, um petista histórico que já se candidatou a deputado pelo partido, teria interesse em enviar os dados à oposição. (AG)
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