quarta-feira, 16 de abril de 2008

Para polícia, casal Nardoni é culpado
Tribuna da Bahia

Para a Polícia Civil de São Paulo e para o Ministério Público Estadual não há mais dúvidas: a menina Isabella Nardoni, 5, foi atirada do sexto andar do Edifício London, na noite de 29 de março, por seu pai, o estagiário de direito Alexandre Alves Nardoni, 29. Com base em dados preliminares elaborados por peritos do IC (Instituto de Criminalística) e de legistas do IML (Instituto Médico Legal), os delegados e investigadores do 9º DP (Carandiru) responsáveis pelo esclarecimento do assassinato de Isabella também têm outra convicção: Nardoni jogou a filha do seu apartamento após a madrasta da menina, Anna Carolina Trotta Jatobá, 24, ter tentado asfixiá-la. Nas próximas horas, os responsáveis pelo caso pedirão à Justiça a prisão preventiva do casal. O juiz do 2º Tribunal do Júri, Maurício Fossen, o mesmo que decretou no começo do mês a prisão temporária —por 30 dias— de Nardoni e Anna, será o responsável pelo pedido de preventiva, já com base nas individualizações das ações de cada um na morte de Isabella. Para peritos, legistas, investigadores e delegados, as agressões de Anna contra Isabella naquela noite de 29 de março fizeram com que ela desfalecesse passando a impressão de que havia morrido. Na seqüência, ainda na interpretação dos responsáveis pelo caso, Nardoni a jogou pela janela e começou a tentar simular a invasão de seu apartamento. O relatório que a polícia irá apresentar à Justiça para o pedido de prisão preventiva do casal já está praticamente pronto. Somente os espaços para a indicação e descrição de cada um dos laudos que ajudaram a polícia a formar a convicção contra Nardoni e Anna estão em branco no documento. Um dos laudos mais aguardados é o que apontará que, no momento em que Isabella foi jogada do apartamento do pai, tanto Nardoni quanto Anna estavam no local. Outro documento dos peritos do IC será usado pelos policiais para afirmar à Justiça que Nardoni carregou Isabella no colo dentro do seu apartamento, após ela ter sofrido as agressões por parte da madrasta e ficar com um corte de aproximadamente dois centímetros na testa. A posição das gotas de sangue nos diversos cômodos do lugar dirão aos policiais qual o trajeto do pai com a menina no colo.
Frieza calculista para atirá-la do 6° andar
Peritos do Instituto de Criminalística concluíram que o assassino da menina Isabella Nardoni a segurou com os braços esticados antes de soltá-la do 6º andar do Edifício London, na Vila Isolina Mazzei, zona norte de São Paulo. Segundo a perícia, Isabella havia sido asfixiada e estava desacordada quando foi jogada pela janela, de cabeça para cima, no dia 29 de março último. Informações iniciais apontavam que a menina teria sido atirada do prédio de cabeça para baixo. Ontem, porém, a Folha de S. Paulo teve acesso a informações mais recentes dos peritos. A reportagem mostra que os peritos não têm certeza, no entanto, se o assassino passou as pernas da menina pelo buraco da tela, segurando-a pelos braços, ou se primeiro inseriu seu quadril pelo furo. Em outra opção, Isabella estaria com o corpo dobrado ao passar pelo buraco, revela a Folha. Os peritos também encontraram mais uma pegada no quarto de onde a menina foi jogada. A pessoa teria escorregado ao tentar subir na cama para supostamente ter acesso à janela. Antes, parte de uma pegada já havia sido encontrada em uma cama. Calçados do pai de Isabella, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram apreendidos para serem confrontados com as marcas. Roupas da menina e da madrasta foram entregues à Polícia Civil. Uma das roupas, que pertencia a Isabella, teria sido usada pela menina no dia em que foi morta. Ela aparece vestindo a peça no vídeo gravado pelo circuito de segurança do supermercado Sam’s Club, em Guarulhos (Grande São Paulo), horas antes do crime. Os advogados Ricardo Martins e Rogério Neres, que fazem a defesa da madrasta e do pai da menina, Alexandre Nardoni, 29, entregaram as roupas no 9º Distrito Policial (Carandiru), que centraliza as investigações sobre a morte de Isabella. Um dos advogados de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina Isabella Oliveira Nardoni, 5 anos, afirmou que os depoimentos de seus clientes são coerentes, não apresentando divergências entre eles. Segundo Rogério Nery, haveria a possibilidade de divergência com o depoimento de terceiros. “A análise comparativa dos depoimentos será realizada pela defesa no momento oportuno”, afirmou. Vizinhos do prédio depõem hoje segundo ele, a transcrição dos depoimentos divulgada pelo Jornal da Globo confere com os depoimentos reais. Mas ele afirma desconhecer a forma como as cópias retrográficas foram adquiridas. O advogado disse também que “a defesa ainda trabalha com a possibilidade de um terceiro suspeito”. “Só poderemos atuar de maneira conclusiva assim que houver a emissão dos laudos”, ressaltou Nery. O advogado afirmou que o casal nega uma discussão entre eles, anterior ao momento do crime. Nery disse ainda que a lista de testemunhas apresentada pela defesa integra uma série de nomes de pessoas que poderão contribuir para a apuração dos fatos. Essas pessoas teriam algum tipo de vínculo com a família, com o apartamento ou com a vizinhança. “Não se trata de uma lista de suspeitos”, ressaltou. Ele e o advogado Ricardo Martins estiveram no 9° Distrito Policial para recolher as roupas usadas por Anna Carolina Jatobá durante o período de prisão temporária. Depois, eles foram até a casa de Antônio Nardoni, onde está o casal, mas não deram declarações.

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